tag:blogger.com,1999:blog-16772242132707701642024-03-13T13:47:01.434-03:00NIELM - Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na LiteraturaFaculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de JaneiroNIELM - Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na Literaturahttp://www.blogger.com/profile/06964456874799412909noreply@blogger.comBlogger11125tag:blogger.com,1999:blog-1677224213270770164.post-7250177202685417712010-12-13T22:40:00.001-02:002010-12-13T22:41:47.344-02:00ASPA SIMPLESEliane F.C.Lima<br /><br />Uma pipa é um ser,<br />extensão de braço, <br />extensão de mão, <br />olhos, boca aberta, <br />sua atenção;<br />voando no ar,<br />gestos quebradiços,<br />se ela vai ou volta.<br /><br />Uma pipa é um ser,<br />cabeça e cauda rota,<br />um balé gracioso,<br />vírgula ao vento,<br />peixe fino e aéreo,<br />agulha de papel<br />costurando o ar.<br /><br />(Texto registado no EDA - Biblioteca Nacional)NIELM - Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na Literaturahttp://www.blogger.com/profile/06964456874799412909noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1677224213270770164.post-37038937304156997912010-11-21T22:24:00.000-02:002010-11-21T22:25:12.236-02:00PROCURAQuantas buscas perdidas?<br />Quantos gritos de largada?<br />Quantas noites mal dormidas?<br />Quantas manhãs despertadas?<br />Sou criança curiosa. Sou a tia comportada.<br />A pessoa esquecida. A mulher enganada.<br />Sou muitas, enfim nenhuma.<br />Tatuagem retirada. <br /> <br />(Cintia Barreto)NIELM - Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na Literaturahttp://www.blogger.com/profile/06964456874799412909noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1677224213270770164.post-91082866477981689622010-11-11T20:54:00.001-02:002010-11-11T21:03:18.090-02:00ANTROPOFAGIANa vida,<br />o homem devora<br />o próprio homem<br />e vomita<br />o avesso do avesso...<br /> <br />Luz CARPINNIELM - Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na Literaturahttp://www.blogger.com/profile/06964456874799412909noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1677224213270770164.post-56835866846766574932010-10-11T18:56:00.001-03:002010-10-11T18:57:40.348-03:00FILOSOFIA PÉTREAUma pedra é um universo fechado sobre si,<br />perfeita concretização da estática:<br />nada ao exterior,<br />sólido egoísmo,<br />introversão congelada.<br />A pedra só sabe de si, <br />em seu sono hibernal; <br />pura discrição,<br />nada ouve, nada vê, nada fala,<br />uroboros petrificado.<br /><br />Eliane F.C.Lima<br /><br />(Poema registrado no Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional)NIELM - Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na Literaturahttp://www.blogger.com/profile/06964456874799412909noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1677224213270770164.post-52234938586872169382010-10-03T16:43:00.000-03:002010-10-03T16:44:04.034-03:00ICH LIEBE DICHpor Cintia Barreto<br /><br /> Certa vez um homem olhou para uma mulher e disse: “Quer casar comigo?” Depois disso, nada mais foi o mesmo. <br /><br /> Marta, mulata exportação, vivia a comprar tamancos e vestidos que lhe valorizavam ainda mais a silhueta perfeita. Dada a elogios, ficava toda, toda quando, no caminho do colégio do filho de sete anos, assobios, piscadelas e buzinas a interpelavam. A mulher fingia não ouvir, mas verdade é que chegava a casa satisfeita e inspirada para iniciar as tarefas diárias. À noite, fazia sempre o jantar enquanto o filho assistia, pela enésima vez, seu desenho predileto na tevê da sala. <br /><br /> Beijo na testa, afago na cabeça. Beijo na boca, aperto na cintura e toca Marcos pro banho pra, em seguida, mais uma refeição em família.<br /><br /> Hei, nome de batismo de Marcos, alemão de origem, brasileiro por adoção, encantou-se com os trópicos e tudo o que continham, principalmente as mulheres. De todas que conheceu, nos primeiros anos de brasilidade, nada lhe tremia mais as pernas que Marta Brasil. Conheceu-a no curso de português pra estrangeiros de uma universidade pública. Era a mais ladina das monitoras e dava uma atenção especial ao simpático homem. <br /><br /> Verbos, substantivos, artigos, adjetivos. Cafés, papos, bilhetes e abraços. Não demorou muito, os dois bares, becos, motéis. <br /><br /> ─ Ich liebe dich! <br /> ─ Ich liebe dich! <br /><br /> Marcelo chegou sem planejamento, em meio uma fantasia de colegial daqui, outra de oncinha dali, todas compradas, às pressas, num sex shop do Centro da cidade maravilhosa. O menino, assim, logo se anunciava entre duas linhas azuis no branco bastão do teste de farmácia.<br /><br /> ─ Ich liebe dich! <br /> ─ Ich liebe dich! <br /><br /> Os anos passavam gostosos pra família, mas chegou um tempo em que Marcos se interessou por outras culturas. Matriculou-se num curso de francês, próximo a seu trabalho. A esposa preocupou-se e, desde o primeiro dia de aula, não demonstrou interesse pela nova empreitada do marido.<br /><br /> Era être pra cá, avoir pra lá e as noites ficavam mais longas nas portas e janelas do casal. <br /><br /> Verbos, substantivos, artigos, adjetivos. Cafés, papos, bilhetes e abraços. Biquinhos pra cá, biquinhos pra lá. Não demorou muito, os dois bares, becos, motéis. <br /><br /> ─ Je t’aime!<br /> ─ Je t’aime!<br /><br /> A vida passava quase perfeita pra Marcos. De manhã, amante francesa; de noite, mulher brasileira e o homem não cabia em si de tanta satisfação. Foram dois anos de curso intensivo, mas chegou um tempo em que Ligia arrevoir e tocou pra Paris pra começar seu doutorado graças a uma bolsa integral que ganhou tirando o primeiro lugar num concurso promovido pelo famoso curso onde trabalhava. <br /><br /> Passagens, boinas, livros, cachecóis, bilhetes, meias, fotos e a mulher levou consigo o desejo do homem de conhecer outras culturas. <br /><br /> Desde então, na casa de Marcos e Marta, as aulas de alemão inauguraram um novo tempo. Seria agora ele o instrutor.<br /><br /> Luzes piscavam, folhas e lápis caiam, cervejas refrescavam as gargantas risonhas e sedentas. Na madrugada, quando o sono de Marcelo era ainda mais fiel, podiam-se ouvir sussurros em pronúncias perfeitas:<br /><br /> ─ Ich liebe dich! <br /> ─ Ich liebe dich! <br /><br /> E pensavam felizes: “Até que a morte os separe!” Amém.NIELM - Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na Literaturahttp://www.blogger.com/profile/06964456874799412909noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1677224213270770164.post-7326949826384478972010-09-19T23:57:00.000-03:002010-09-19T23:58:24.941-03:00APURAÇÃOvidas que se perdem...<br />penas e purpurinas<br />confetes e brilhos<br />espalhados em desencontros<br />em sambas atravessados<br />tempo não<br />tempo não volta<br />volta! – grito na multidão não se escuta.<br />surdo, surdo, surdo<br />na marcação<br />de alguém perdido – já se perdeu?<br />pés não acompanham a alma<br />alma sem corpo<br />garrafa de cerveja vazia<br />caída no meio-fio<br />na manhã de quarta-feira.<br /><br />Angélica Castilho<br />Rio de Janeiro, 03 de março de 2006.NIELM - Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na Literaturahttp://www.blogger.com/profile/06964456874799412909noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1677224213270770164.post-39510671042712179572010-09-12T09:05:00.001-03:002010-09-12T09:08:25.291-03:00ENCONTROMiro a mulher parada,<br />ela virada pra fora.<br />Será que vê a paisagem?<br />Esgazear de olhos negros,<br />ares de enxergar o nada. <br />O que será que espia,<br />fita, investiga, espreita?<br />Parece esperar alguém...<br />um eu que de fora vem?<br />Encostada na esquadria,<br />a porta, de par em par, <br />seu corpo é como miragem.<br />As mãos, vaguidão em cada;<br />os pés, gesto de voar; <br />o rosto voltado, embora<br />pareça ao errante afeita. <br />Com que será que ela sonha:<br />futuro, mar, querubim?<br />Por ordem de deuses gregos?<br />Será por pura peçonha?<br />Ela olha para mim.<br />Fascinada, olho a mulher:<br />está nela a minha face.<br />E, sem qualquer mais disfarce, <br />é a mim que ela quer.<br /><br />(Eliane F C Lima)<br /><br />Atenção: poema registrado no EDA – RJ – Escritório de Direitos Autorais .NIELM - Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na Literaturahttp://www.blogger.com/profile/06964456874799412909noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1677224213270770164.post-53170059118291666792010-09-01T22:39:00.001-03:002010-09-01T22:40:36.305-03:00ENTRE O PROZAC E O PROSAICONão foi difícil convencer Helena a sair naquela noite. Fazia dias que se irritava até com as buzinas de carros e motos, velhas companheiras, partes do pacote de aluguel do antigo apartamento na Rua das Laranjeiras. <br /> Manu, com seu tubinho preto e boca vermelha-vou-à-luta, esperava no banco da portaria pela amiga. Acreditava que, não subindo, Helena seria mais rápida e elas, desta vez, não chegariam atrasadas ao barzinho na Lapa. <br /> Depois de vinte minutos, sai do elevador um ser arquejante de conjunto de moletom cinza e cabelos sem direção.<br /> ─ Demorei?!<br /> ─ Um pouco. Responde Manu, certa de que deveria ter subido.<br /><br /><br />Cintia Barreto<br />Rio de Janeiro, 2 de maio de 2009.NIELM - Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na Literaturahttp://www.blogger.com/profile/06964456874799412909noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1677224213270770164.post-31164223939650120822010-08-29T22:26:00.001-03:002010-08-29T22:27:33.410-03:00VARIEDADESAmor: várias faces.<br />Por isso, precisa de adjetivo.<br />Amor bom<br />Amor neurótico<br />Amor destro e canhoto<br />Cada qual ama<br />Com o amor que tem.<br /><br />Angélica de Oliveira Castilho<br />Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2006.NIELM - Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na Literaturahttp://www.blogger.com/profile/06964456874799412909noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1677224213270770164.post-88700587265361069422010-08-24T21:10:00.003-03:002010-08-24T21:15:10.347-03:00VEGETARAssemelhar-se à planta:<br />nenhum gesto de ânsia, <br />nenhum objetivo formal,<br />só reserva e silêncio,<br />completa dissimulação.<br />Sem esgar de decepção,<br />dá a volta, se não pode a reta,<br />imperceptivelmente.<br />Sem orgulho ou comemoração,<br />excede limites,<br />conquista o alto,<br />atinge o profundo.<br /><br /><br />Eliane F.C.Lima<br /><br />(Poema registrado no EDA – RJ – Escritório de Direitos Autorais/ Biblioteca Nacional)NIELM - Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na Literaturahttp://www.blogger.com/profile/06964456874799412909noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1677224213270770164.post-46365890825403751732010-08-19T22:15:00.003-03:002010-08-19T22:20:57.554-03:00QUASE LÁDeserto:<br />possibilidade de felicidade<br />que só solidão<br />em forma de paz<br />traduz,<br />aridez<br />que cobre rios de calmaria<br />prontos para emergirem<br />mas apenas o fazem<br />com o silêncio da procura meditativa.<br />Descobrir-se é caminhar para o ermo<br />com cantil, cobertas, esperança e alegria.<br /><br /><br />Angélica Castilho<br />Rio de Janeiro, 08 de março de 2006.NIELM - Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na Literaturahttp://www.blogger.com/profile/06964456874799412909noreply@blogger.com0